quarta-feira, 30 de abril de 2025

Concurso Literário Dr. João de Barros

Aluna Premiada 

Categoria A (2.º Ciclo):

 Maria Rodrigues – n.º 20, turma 6.º1, Escola Básica João de Barros


Oceanos de Emoções

 

A Amélia adorava o mar. Desde pequena que sentia uma ligação com as ondas, como se estas lhe sussurrassem segredos antigos. O seu nome não fora escolhido ao acaso. Os seus pais batizaram-na assim em homenagem à Rainha Amélia de Portugal, uma figura nobre e marcante da história do país. Embora a rainha não fosse especialmente conhecida pelo seu amor ao mar, o seu nome ficou ligado às águas através do Iate Real “Amélia”, uma embarcação usada pela família real. Sempre que pensava nisso, a Amélia sentia que, de alguma forma, o oceano também fazia parte da sua identidade.

O avô da Amélia, um velho pescador, adorava contar-lhe histórias sobre os navegadores que exploraram oceanos desconhecidos, enfrentando tempestades e mares perigosos para descobrir novos lugares. Mas havia uma história que ele gostava de repetir mais do que todas as outras: a de Luís de Camões, o famoso poeta que escreveu sobre o mar como ninguém.

O avô dizia que, para Camões, o mar não era só um cenário nos seus poemas, mas algo vivo, cheio de mistérios e aventuras. O poeta viajou por mares cheios de perigos, sobreviveu a naufrágios e enfrentou tempestades assustadoras. Depois, escreveu sobre tudo isso nos seus poemas, como se quisesse que as suas palavras ficassem para sempre nas ondas. O avô falava com tanta emoção que parecia conseguir ver, através do tempo, as viagens e desafios que Camões tinha vivido.

Ela adorava ouvir essas histórias, e o mar tornava-se ainda mais especial ao pensar que este escondia segredos de navegadores e poetas. Mas nunca imaginou que, um dia, seria ela a viver uma dessas histórias.

Era uma tarde de outono e o céu estava coberto de nuvens pesadas e escuras. A Amélia caminhava pela praia deserta, sentindo os seus pés afundarem-se na areia fina e húmida. O vento soprava forte, e as ondas rebentavam com uma força incomum. Foi então que algo lhe chamou a atenção. No meio da areia molhada, meio enterrado, estava um velho livro de capa grossa, desgastada pelo tempo. A capa escura estava decorada com letras douradas, onde se podia ler com clareza: “Os Lusíadas”.

Pegou nele com cuidado, limpou os grãos de areia e abriu a primeira página. Assim que o fez, um arrepio percorreu-lhe a espinha. Algo naquele livro parecia diferente...como se tivesse vida própria. As palavras moviam-se ligeiramente, dançando ao ritmo das ondas que rebentavam na praia. A Amélia passou os dedos sobre as letras, e, nesse instante, sentiu um puxão forte, como se fosse sugada pelo próprio livro. O mundo à sua volta dissolveu-se num turbilhão de espuma e vento.

Quando abriu os olhos, já não estava na praia. Estava num navio. O cheiro a sal e a madeira molhada invadiu-lhe os sentidos. Marinheiros de roupas antigas corriam de um lado para o outro, puxando cordas e ajustando as velas. O barco balançava violentamente sobre ondas gigantescas, e trovões ressoavam no céu escuro. A Amélia tentou mover-se, mas sentia-se tonta e desorientada. Foi então que viu um homem de olhar profundo, barba espessa e uma expressão determinada.

Ele segurava um livro contra o peito como se aquele fosse o seu bem mais precioso. Não podia ser verdade. Estava no século XVI, no meio de uma tempestade a bordo de um navio que enfrentava a fúria do oceano, ao lado do poeta mais famoso de Portugal. Camões estreitou os olhos ao vê-la ali, no meio do convés molhada pela tempestade.

- Quem és tu? Como vieste aqui parar? Perguntou, segurando o livro contra o peito, intrigado com a presença inesperada da menina.

A Amélia sentiu um arrepio percorrer-lhe o corpo. O vento forte, o cheiro a sal o barulho das ondas a bater no casco do navio... tudo parecia real de mais para ser um sonho. Mas como poderia explicar aquilo? Como dizer a Luís de Camões que, momentos antes, estava numa praia do futuro e agora estava ali, no seu navio, no meio de uma tempestade?

- O meu nome é Amélia, mas... eu não faço ideia de como vim aqui parar! Conseguiu responder ainda ofegante.

Camões franziu a testa, sem desviar o olhar dela.

- Perdeste-te no mar? Caíste de alguma embarcação?

A Amélia abanou a cabeça tentando encontrar sentido naquilo tudo.

-  Não! Eu estava na praia... encontrei um livro... o seu livro! – apontando para o exemplar de “Os Lusíadas”, que o Camões segurava. - Toquei nele e ... houve um clarão! Como se uma onda me tivesse engolido... e, de repente acordei aqui!

O poeta ficou em silêncio por um instante. Observava-a com curiosidade, mas sem medo, como se já tivesse ouvido histórias tão fantásticas quanto aquela. Depois, um sorriso leve surgiu no canto dos seus lábios.

-  O mar tem segredos que poucos compreendem. – disse, num tom enigmático. – Talvez te tenha trazido até mim porque precisas de ouvir a sua história...ou talvez, porque ele tenha decidido contar-te a tua própria história.

Antes que a Amélia pudesse responder, um estrondo fez o navio tremer. Uma onda monstruosa ergueu-se à frente deles, ameaçando engolir o barco inteiro. Os marinheiros gritaram e agarraram-se ao que puderam. O coração da Amélia batia descontroladamente. Mas Camões manteve-se firme.

- Não temas! vi o mar desafiar os mais corajosos, mas também sei que ele guarda surpresas boas.

A tempestade rugia à volta deles, mas as palavras do poeta tinham uma força estranha, quase mágica. No instante seguinte, a onda desabou sobre o navio, e tudo se apagou.

A Amélia acordou com o rosto molhado. Estava deitada na areia da praia, e o sol começava a espreitar entre as nuvens. O seu coração ainda batia acelerado. Sentou-se devagar, tentando recuperar o fôlego, e olhou para as mãos.

O livro ainda lá estava. Abriu-o com pressa e folheou as páginas rapidamente. Tudo parecia normal, os versos estavam como deviam estar... até que os seus olhos se fixaram numa estrofe que nunca tinha lido com verdadeira atenção antes. O coração começou a bater mais rápido ao reconhecer as palavras de Camões, como se agora fizessem um sentido completamente diferente:

“Por mares nunca de antes navegados, / Passaram ainda além da Taprobana.”

Ela leu a frase várias vezes. Sentiu um calafrio ao perceber que, de certa forma, também ela tinha atravessado mares desconhecidos, viajado além do que algum dia imaginara ser possível.

Fechou o livro devagar e olhou para o horizonte. O mar agora estava calmo como se tivesse cumprido o seu papel. Talvez tudo tivesse sido um sonho...ou talvez, naquele dia, o oceano tivesse escolhido contar-lhe um dos seus segredos.



Trabalho realizado por: Mariçaí

Concurso Literário Dr. João de Barros

 Aluna Premiada 

 Categoria B (3.º Ciclo):

 Maria Rico Vieira – n.º 15, turma 9.ºA, Escola Básica João de Barros


Será que eu sobrevivia a um tsunami de emoções?

As emoções são intensas, imprevisíveis e, por vezes, saem de controlo, assim como o mar. Na nossa cabeça, podemos sentir e pensar imensas coisas, como se cada tom de azul do mar fosse uma emoção diferente. O mar é imenso e muitas pessoas acabam por se perder na sua grandiosidade, assim como pode acontecer na confusão da nossa mente.

Às vezes, a maré está baixa, a água transparente e a calma e a tranquilidade invadem-nos, dando-nos oportunidade de relaxar e pensar em coisas boas. Outras vezes, a maré está alta, a água escura, as ondas grandes e agitadas, e o medo consome-nos e faz-nos pensar e repensar nas coisas más da vida, e, de repente, estamos repletos de “e se?”. E, quando achamos que tudo acalmou, de repente vem um tsunami de sentimentos, cheio de ansiedade, cansaço, depressão e tristeza que transbordam (para fora de nós), por vezes atingindo as pessoas que nos rodeiam.

Depois do grande desastre há grande destruição, mas certamente virão dias de paz e calmaria e, com um pedido de ajuda, alguém poderá fazer-nos emergir. Não podemos deixar que os julgamentos, opiniões e problemas dos outros matem a vida, a alegria e a magia que há em nós e, sempre que se atravessar um obstáculo, devemos arranjar maneira de dar a volta e seguir o nosso caminho.

A relação que nós temos com o mar é muito semelhante à que temos com as emoções. Quando somos pequeninos, vemos o mar como algo assustador, porque ele é mais forte do que nós e ainda não o sabemos enfrentar... mas, à medida que vamos crescendo, percebemos que há muita magia dentro do mar (afinal, o mar só nos dá medo porque não o conhecemos totalmente) e apenas temos de estar calmos, seguros e confiantes de nós mesmos. Se, por acaso, o medo e a ansiedade atacarem, temos sempre a mão da nossa família e amigos para segurar antes de mergulhar.

 

 

Lurdes Alexandra Carvalho

terça-feira, 29 de abril de 2025

A(mar) Camões - Exposição - Prémio Camões

 No âmbito das comemorações do V centenário do nascimento de Camões, está patente, na Biblioteca, uma exposição dos 35 autores que venceram o Prémio Camões. 

Prémio Camões foi instituído por Portugal e pelo Brasil em 1989. É o maior prémio de prestígio da Língua Portuguesa. Com a sua atribuição, é prestada anualmente uma homenagem à literatura em português, recaindo a escolha num escritor cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento da Língua Portuguesa.

Está ainda exposta uma mostra de livros dos autores distinguidos pelo Prémio Camões.

Visita a nossa exposição!










quinta-feira, 24 de abril de 2025

25 de abril


Dinamizada pelo Departamento de Ciências Sociais e Humanas, está patente de 24 de abril a 2 de maio, na  Biblioteca Escolar,  uma exposição de fotografia de Alfredo Cunha, um dos grandes nomes do fotojornalismo português, com imagens marcantes  do Portugal antes e depois do 25 de Abril.

Dia 30 de abril realiza-se na biblioteca, uma palestra com o escritor António Tavares, para as turmas 7.º B e 8.º D.









sexta-feira, 4 de abril de 2025

Dia Aberto Na Biblioteca Escolar


No Dia Aberto do AEZUFF, a Biblioteca promoveu uma atividade lúdica " Conhecer Camões", com realização de jogos alusivos, pensados e elaborados pela equipa da BE.

Esta atividade criou um ambiente descontraído  e evidenciou grande empenho dos alunos.

" A Brincar também se Aprende."









 

quarta-feira, 2 de abril de 2025

 

Nos dias 31 de março e 2 de Abril realizou-se no Auditório Madalena Perdigão, a prova da fase municipal, do Concurso de Leitura dos alunos do 1.º, 2.º e 3.º Ciclos.

Ficaram apurados 3 alunos do AEZUFF:

1.º Ciclo - Sofia Reis

2.º Ciclo – Pilar Pedrosa

3.º Ciclo - Raquel Fundevilla

Estes alunos irão representar o Concelho no Concurso  Intermunicipal de Leitura, que se vai realizar em Oliveira do Hospital,  dia 10 de maio.

Muitos parabéns a todos os participantes!