terça-feira, 30 de abril de 2024

Concurso Literário Dr. João de Barros

 1.ª Menção Honrosa Escalão A

Beatriz Carvalho Pinto, n.º 4, 5.º 2 - Escola Básica João de Barros


VIAGEM AO PASSADO PARA PREPARAR O FUTURO

 
Ter 10 anos nunca foi tão bom, dominamos e utilizamos tecnologia que ainda há 10 anos só estava ao alcance de alguns cientistas.
Eu tinha duas mãos, mas agora uma está sempre ocupada com o meu smartphone de última geração, que em geral está emparelhado com o computador pessoal lá de casa.
Posso fazer tudo, ter aulas virtuais sem ter que ir à escola, fazer testes e exames que os meus professores me mandam e ver as notas no site da escola. Falo com os meus amigos por WhatsApp, sei o que eles gostam e o que os preocupa pelo Facebook, sei da vida dos meus ídolos e viajo sem sair de casa no Instagram e outros sites. Aprendo a fazer coisas no Youtube, jogo com os meus colegas na consola da PlayStation em rede, ouço a melhor música à escolha sem ir a concertos, encomendo um hambúrguer ou uma pizza da Huber Eats, um livro ou uma roupa da Amazon, se a minha mãe lá tiver o cartão de crédito. E posso fazer isto tudo sem sair do meu quarto.
Nem sei como é que os miúdos mais velhos, agora com mais 20 anos, conseguiam viver.
Tinham que ir para a escola todos os dias, brincavam uns com os outros ao frio, à chuva, ou ao sol, faziam jogos antigos, jogavam à bola e ficavam cansados e a suar, andavam de bicicleta, iam comer ao McDonald’s em grupo, tudo o que aprendiam era em livros e o único écran que viam era a televisão com o resto da família. Sem phones nas orelhas, ouviam tudo o que lhes diziam sem ser preciso gritarmos e para verem um filme tinham que ir ao cinema, era todo um programa social. As mães deles não sabiam sempre onde eles estavam, pois sem o telemóvel quitado, não havia maneira de localizarem os filhos.
Apesar de viverem na pré-história, a coisa lá ia resultando, o que aprendiam na escola ficava-lhes na cabeça (a única base de dados que conheciam), tinham que escrever sem erros porque as folhas do caderno não tinham corretor, e faziam os exames presenciais e, ao que ouvi dizer, safavam-se melhor do que nós agora.
Talvez não fosse tão mau e devêssemos fazer a experiência, a verdadeira viagem ao passado, ou seja, desligar todos os nossos gadgets eletrónicos por uma semana e ver como sobrevivemos.
Pode ser uma viagem útil no futuro, o mundo está perigoso, o hacker de um país malvado pode bloquear todos os nossos programas ou aplicações, ou introduzir no Youtube, ou no meu mail informação falsa sem eu perceber que não é verdadeira, outro país em guerra
Viagem ao passado para preparar o futuro, pode cortar os cabos submarinos que são o veículo da internet e num instante lá se vai o meu admirável mundo novo.
Cientistas de várias universidades demonstraram que muito tempo de écran prejudica o desenvolvimento intelectual de uma criança e prejudica a sua capacidade de interagir com outras crianças, e de se desenvolver como ser humano. Vai formatar o que todos aprendem, e aprendem todos o mesmo, da mesma maneira e só aquilo que eles querem que nós aprendamos, seja verdadeiro, ou falso. Estamos, portanto, expostos a todo o tipo
de pirataria.
O que proponho é uma viagem ao passado, diária, ou semanal, com tempo
pré-determinado com o telemóvel desligado, sem acesso a redes sociais, a aprender em livros que os nossos pais, amigos, ou professores recomendam e discuti-los em grupo com os colegas.
Sair para a rua, brincar com os amigos, ajudar a família nas tarefas de casa e guardar o momento para usar os equipamentos para estudar, ajudar os outros e fazer-nos úteis.
O futuro nunca volta para trás, o crescimento não se pode nem se deve parar e o passado nunca se repete, mas nesta viagem no tempo ao passado, o que aprendermos sobre a arte de viver, vai ajudar-nos a moldar um futuro diferente e melhor. Não há outra forma de sermos donos do nosso destino.
 

                                                                                                                 Pintinho


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