Escalão B - 1.º Prémio
Bárbara Chouco Neto, n.º3, 9.ºA - Escola Básica João de Barros
Uma viagem no
tempo – A Saudade
Sinto-me só. Estou sentado à beira de um íngreme
precipício, onde ao longe, o mar ruge contra os rochedos. Comigo está também a
saudade, um sentimento que me abraça e transborda o meu coração. Ela puxa-me
para o vazio, para o nada, e sinto-me tentado a dar um passo em frente. Ouço um
ruído, viro-me para trás e vejo a pessoa por quem este sentimento bate.
Observo o meu querido irmão e não me permito deixar de o
admirar. Os seus cabelos louros brilham
com os raios de sol e os seus olhos relembram-me as nossas memórias de
infância, até ao momento em que ele partiu e uma parte de mim foi levada.
Levanto-me e aproximo-me dele. Toco nas suas mãos suaves e a saudade
desaparece.
Num instante, viajamos pela nossa infância e recordamos
momentos em que a alegria se juntava a nós. Viajamos pelas memórias felizes
quando andávamos de bicicleta, brincávamos de super-heróis e ríamos, ríamos e
ríamos… Viajamos também pelas memórias menos felizes, mas que, por serem
memórias, tornam-se felizes! Sobrevoamos a memória que mais temo e que me
deixou uma profunda cicatriz, o dia em que o meu irmão me deixou sozinho neste
mundo. Voltamos para o dia do acidente automóvel e deixo escapar um grito
desesperado.
Regresso ao presente com a respiração acelerada e com uma
lágrima a escorrer-me pelo rosto. O meu irmão limpa-ma, sorri e diz:
- Não podes ficar preso no passado para sempre. Um passo
em frente do outro! A saudade estará sempre atrás de ti, mas não lhe podes
oferecer a tua vida. Vive o presente e sei que o futuro te trará os melhores
momentos. Eu acompanhar-te-ei sempre, não desistas! Eu amo-te e tenho muito
orgulho em ti!
E assim, num abraço profundo, o meu irmão desvaneceu e
deparei-me a abraçar o vazio. Olhei para o céu azul e sorri. O sol tudo
iluminou! Tenho a certeza que foi uma resposta do meu irmão!
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